Por que adoecemos?
Com tanta informação na palma das mãos, não é de se admirar que temos tanto conhecimento sobre as questões de ordem médica no que se refere a doenças e sintomas. Mas, ainda existe uma pergunta que nós fazemos, eu diria, com uma certa frequência, aliás, todos os dias: o por que adoecemos?
São tantas as receitas e dicas que nos colocariam no ranking de "GERAÇÃO SAUDÁVEL" no que se refere a saúde e qualidade de vida. Porém, na contramão da solução ofertada pelos especialistas, analistas e curiosos, estamos nós aqui, adoecendo e envelhecendo muito mal, diga-se de passagem.
Não se trata apenas da doença, existe a recidiva, a persistência do corpo em adoecer. Na pandemia, muitos se perguntavam por que aquele jovem que só comia comidas saudáveis e fazia exercícios físicos morreu de COVID e o fumante obeso, não!
Podemos aqui apresentar duas perspectivas sobre a doença: a busca pelo equilíbrio, levando em conta que saúde não é ausência de doença e a segunda como a saúde vista como ausência de doença. Em qual das duas perspectivas você mais se encaixa?
Na homeopatia, a doença é vista como sintoma na busca pela saúde!!! Buuuuuusca !!!! Provoco você, leitor, a pensar que entre o prazer e o sofrimento (princípio do prazer e princípio da realidade), visto aqui na perspectiva do psicanalista Wilfred Bion (1897 - 1979), a doença pode ser entendida como uma forma de "disfarce" de parte de nossa história que tentamos a todo custo esconder ou afastar de nossa consciência, a fim de evitar o sofrimento.
Será isso possível?? Será então que escolhemos adoecer? A pergunta talvez seja, qual o papel da doença em nossa vida? Será ela uma forma de revelar a verdadeira dor antes renunciada pela simples adequação do nosso papel social?
Podemos pensar então que no ato de não nos cuidar diante de tanta informação é então uma forma de substituir uma dor pela outra, agora mais adaptável e justificável? A saúde seria então, utilizar a mesma resignação, porém na forma de acessar a "dor" antes abandonada na esperança de substituí-la por outra, tornando-a consciente e vivendo-a através do luto entre o prazer e a realidade?
Assim, poderíamos mergulhar nas compreensões dos "mal-entendidos" da nossa existência, criando diálogos e tornando possível o impossível: ter saúde diante da doença!?
Fica a dica: precisamos, então, adoecer para encontrar a verdadeira doença e acessar a dor que nos levará à "cura". Nos parece confuso e muito sofrido esse processo, mas vale a premissa de que o sofrimento é inevitável, nossa busca é em diminuir sua forma aniquiladora.
Então, respondendo à pergunta inicial deste texto - o por que adoecemos? A resposta é simples: para viver com saúde! Até porque não existe saúde sem doença e nem tão pouco doença sem saúde. Ambas se completam e coexistem nos colocando na jornada do equilíbrio vital.
Pensar que precisamos adoecer para nos conectar com nossa história parece papo de masoquista ou de hipocondríaco, mas vale lembrar que abrimos mão de muito de quem somos para ser quem devemos ser e adoecer é o caminho mais próximo do sentido da morte, vista aqui de forma simbólica ou não, capaz de nos transformar e transcender!
Convidamos você a refletir sobre sua própria jornada de saúde e doença. Como suas experiências se alinham com as perspectivas apresentadas? Compartilhe suas histórias e pensamentos conosco, criando um diálogo enriquecedor sobre o verdadeiro significado de saúde.
BIBLIOGRAFIA
CHIOZZA, Luis - Obras Completas (2005) - Tomo XV Las cosas de la vida, libros del Zorzal
Luciana Furtado - Psicóloga
CRP 06/74499